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Histeroscopia ambulatorial

Por: Dr. Luiz Henrique Fernando

A palavra “histeroscopia” vem dos termos gregos “hysteros” e “escopia”, que significam, respectivamente, “útero” e “olhar”. A técnica consiste, justamente, em avaliar doenças uterinas a partir de uma visualização direta do interior do útero.

Há duas modalidades: histeroscopia ambulatorial e histeroscopia cirúrgica. A primeira é realizada em consultório ou laboratório, com instrumentos de pequeno calibre. É indicada para fins diagnósticos, mas também permite o tratamento das menores lesões. Esse método da ginecologia moderna é chamado de see & treat ou, em português, ver e tratar.

Tradicionalmente, a histeroscopia era feita somente na modalidade cirúrgica, em ambiente hospitalar e sob anestesia geral. A técnica ficou estabelecida como uma importante ferramenta, considerada padrão ouro para o diagnóstico e o tratamento de doenças da cavidade uterina.

Na década de 90, o uso de fluídos de baixa viscosidade e a diminuição do diâmetro dos histeroscópios colaboraram para um procedimento menos doloroso e invasivo. Com esses avanços, o número de histeroscopias em centro cirúrgico reduziu, ao passo que aumentou a prática dessa técnica em ambulatório.

Hoje, a histeroscopia ambulatorial é um dos pilares da clínica ginecológica. Neste texto, vamos mostrar as indicações, doenças diagnosticadas e procedimentos envolvidos.

Quais são as indicações para a histeroscopia ambulatorial?

Sempre que possível, a histeroscopia em consultório é a escolha mais apropriada, em comparação com a modalidade cirúrgica, pois é mais conveniente, dispensa o uso de anestesia geral, propicia uma recuperação mais rápida e tem bom custo-benefício — inclusive, tem cobertura pelas operadoras de planos de saúde.

As indicações mais frequentes para a realização de histeroscopia ambulatorial incluem:

  • investigação da infertilidade;
  • suspeita de lesão na cavidade uterina;
  • sangramento uterino anormal;
  • sangramento pós-menopausa;
  • remoção de corpos estranhos.

A histeroscopia ambulatorial também pode ser indicada antes da transferência de embriões em ciclos de fertilização in vitro (FIV). Dessa forma, é possível verificar se há alguma anormalidade, mínima que seja, capaz de prejudicar a implantação embrionária — mas se durante a investigação da infertilidade, os exames de ultrassonografia pélvica e ressonância magnética revelarem alguma lesão intrauterina, é feito o encaminhamento direto para a histeroscopia cirúrgica.

Quanto às contraindicações para a realização da histeroscopia, as principais são gravidez ou suspeita de gravidez e infecção pélvica ativa.

Quais condições podem ser diagnosticadas e tratadas?

A histeroscopia ambulatorial pode confirmar o diagnóstico de várias doenças e alterações da cavidade uterina, incluindo:

  • pólipos endometriais;
  • mioma submucoso;
  • sinequias e síndrome de Asherman;
  • adenomiose;
  • malformações congênitas;
  • hiperplasia ou espessamento endometrial anormal;
  • mau posicionamento do dispositivo intrauterino (DIU);
  • presença de restos placentários.

A histeroscopia ambulatorial também é indicada para realizar biópsia endometrial direcionada, quando há suspeita de endometrite, câncer de endométrio, entre outras anormalidades celulares.

Como a histeroscopia ambulatorial é realizada?

A histeroscopia ambulatorial deve ser realizada em consultório devidamente equipado. Para começar, é importante que a mulher se sinta acolhida e tranquila, pois isso reduz a ansiedade e torna o procedimento mais confortável.

A técnica consiste em introduzir um pequeno instrumento, o histeroscópio, por via vaginal. Esse equipamento contém sistema de iluminação e uma microcâmera acoplada em sua extremidade, o que permite a visualização direta da cavidade do útero. As imagens são acompanhadas pelo médico em um monitor de alta resolução e as anormalidades endometriais podem ser detectadas e corrigidas.

Meios de distensão, como solução salina e CO2, são utilizados para melhorar a visibilidade da cavidade uterina. Embora o CO2 possa ser bem tolerado, a solução salina é preferida, pois causa menos desconforto à paciente, além de visão mais clara das imagens intrauterinas, se houver sangramento.

O método see & treat foi desenvolvido no final da década de 90 e trouxe uma nova perspectiva na prática histeroscópica. Desse modo, em um procedimento único, podemos integrar investigação diagnóstica e abordagem terapêutica.

Entre os tratamentos que podem ser realizados com a histeroscopia ambulatorial, com boa tolerância da mulher, estão a ressecção de aderências e de pequenos miomas submucosos e pólipos endometriais.

De modo geral, alguns fatores podem desafiar a viabilidade da abordagem histeroscópica em ambulatório, tais como afecção uterina de grande porte, ansiedade da mulher e falta de recursos apropriados em consultório.

Tanto a histeroscopia ambulatorial quanto a cirúrgica têm grande relevância no contexto da infertilidade e da reprodução assistida. Diversas doenças uterinas podem ser identificadas e tratadas com essas técnicas.

Um determinado período após o procedimento, e seguindo as orientações específicas do médico, a mulher pode tentar engravidar naturalmente ou com técnicas de reprodução assistida. Cada situação é individualmente acompanhada, baseando-se na avaliação detalhada de cada casal infértil, para que o melhor caminho seja definido.

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